sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

A representação do Populismo Russo na Literatura.

















Augusto Patrini Menna Barreto Gomes





De acordo com Franco Volpi, no pensamento circulante na Rússia do final do século XIX o niilismo tornou-se um elemento presente e constante em toda atmosfera cultural do período. Na verdade Volpi refere-se ao caldo de desencantamento com as perspectivas sociais e políticas das esferas sociais “progressistas” russas (intelligentsia[1]), desiludidos e céticos com qualquer tipo de reforma ou modificação moderada da situação sócio-politica russa. Estas esferas, grupos político de coloração variada, em sua época eram conhecidos como populistas ou algo pejorativamente como niilistas - como veremos termo divulgado no país pelo escritor Turgueniev.
Apesar de os populistas dizer respeito a grupos variados e dispares em ideologia, propostas e métodos, pode-se afirmar que tivessem em comum a “revolta anti-romântica e antimetafisica dos ‘filhos contra os pais’, contestando a autoridade e a ordem vigentes e atacando especialmente os valores da religião, da metafísica e da estética tradicionais, consideradas ‘nulidades’ fadadas a desvanescer-se”[2] Porém como nos lembra Isaiah Berlin[3] os populistas russos, ao contrário dos bolcheviques (marxistas) não eram deterministas históricos, nem nacionalistas místicos como os eslavófilos: seus objetivos eram justiça social e igualdade social.
Talvez seja importante lembrar-nos que entre seus teóricos estéticos, autores de textos radicais interessantíssimos, já no final de século, encontravam-se Nikolai A. Dobroliubov (1836-1861) e Dimitri I. Pisariev (1840-1866). Ambos defendiam formas de utilitarismo estéticos extremados e um tanto limitados que talvez tenham influenciado várias gerações de artistas russos e soviéticos.
Porém também possuem importância, por motivos diferentes, Nikolai G. Tchernichévski e Serguei G. Nietchaiev (1847-1882). O primeiro foi um agitador cultural, estudante de economia defensor de uma visão crítica materialista e céptica, utilitarista, radical e cínica de tudo que existia, mas principalmente dos aspectos sociais e políticos. Ele foi o autor de um romance que atingiu grande prestigio entre os russos de sua época: “Que fazer?” de 1863, onde defendia em forma de um romance uma nova forma de vida, marcada pelo abolição das tradições, comunitarismo, onde novos homens e mulheres eram distinguidos pela luta pela emancipação popular. Vale lembrar, no entanto, que de acordo com Joseph Frank[4], o populismo radical russo, deve em parte sua gênese às idéias eslavófilas – ou seja, ao pensamento algo reacionário que pensava o mir, o mujique e a tradição camponesa como soluções para a Rússia.
Já Netchaiev era autor do chamado do chamado “Catecismo Revolucionário” cujos princípios destilam um impiedoso, frio e calculista sentido para a fé revolucionária defendida por seu autor[5].
Estas duas formas de ver “o problema russo” era característico da chamada nova geração da intelligentsia russa, típica da década de 60, do século XIX. Seu radicalismo estremado, às vezes quase grosseiro (principalmente no caso de Nietchaiev), e seu utilitarismo absurdo não eram completamente compartilhados por seus predecessores mais importantes como, por exemplo, Aleksander I. Herzen, possuidor de uma visão mais moderada e nuançada sobre as várias questões que afligiam então a Rússia. Apesar de ser considerado liberal pelos radicais do final do século[6], ele foi grande influenciador dos populistas, pois foi um dos primeiros membros da intelligentsia a idealizar o mujique, além de ter sido o preconizador da “ida ao povo”. Como nos lembra Volpi, Herzen fez uma crítica aos chamados “budistas da ciência” e defendeu o engajamento social e político. Mesmo assim, apesar de ser a principal base teórica dos populistas[7], ele era contra as formas estremadas como aquela de Nietchaiev.
Mas Herzen era, um representante da geração anterior da intelligentsia (40), chamada por Turgueniev[8] da geração dos ‘pais’ em seu romance mais conhecido. Essa obra talvez seja uma das representações do tipo populista mais importantes na literatura Russa. Turgueniev talvez tenha sido um dos intelligentsi a questionar a arrogância da nova geração.
O romance “Pais e Filhos”[9] de 1862, coloca em cena duas gerações da chamada intelligentsia russa. As duas gerações da intelligentsia representadas por Turgueniev são aquelas de 1840 e de 1860 – que no fim do século XIX se viram em campos opostos. O enredo é bastante simples – a visita da nova geração (Bazárov e Arcádio) à velha geração (pais de ambos), todavia as entrelinhas do romance podem ser consideradas complexas. A oposição entre essas duas gerações foi questão candente no meio intelectual russo da época. A geração de 1840 (da qual o próprio Turgueniv fazia parte), em linhas gerais, era mais moderada, e defendia reformas para “modernizar” a Rússia e seu atraso – na visão da geração radical de 60 estes eram conservadores e conformistas. Como já vimos os representantes históricos da geração de 60 se radicalizaram defenderam posições populistas-niilistas que no final do século assumem configurações revolucionárias e terroristas expressas em ações de grupos como “Vontade do Povo”, “Terra e Liberdade” e “Justiça Sumária do Povo”.
No romance de Turgueniev, apesar da principal personagem, Bazaróv, resvalar o verdadeiro niilismo, ela não é, porém, totalmente destituída de princípios: entretanto estes princípios são ancorados numa crítica radical à sociedade russa da época; e sua negação não é desprovida de ambigüidades. Na verdade Bazárov parece ser um protótipo de populista russo (conhecidos então como niilistas), existente na época: seus princípios acompanhem um certo comportamento extremado que se manifestou em parte dos russos educados. Uma crítica que corresponde aos princípios defendidos por Herzen.
Turgueniev parece ter captado magistralmente, como artista, o ambiente sócio-cultural e político tenso que existia entre os membros da intelligentsia russa, do final do século XIX. Esse era um agrupamento social heterogêneo que não podia entrar em um acordo sobre as soluções para o “anacronismo” russo[10].
Ao que parece, a caracterização do “homem supérfluo” da intelligentisia poderia caracterizar homens como Turgueniev, pode também muito bem servir para Bazárov, ao menos se seguimos a linha traçada por Isaiah Berlin em “Père et Fils. Tourgueniev et le Dilemme Liberal”[11]. Apesar, de “Pais e Filhos” ser considerado uma crítica aos populistas, há uma clara - e assumida pelo próprio -, do autor com identificação com Bazárov.
André Mourois, afirma do mesmo modo que Turgueniev queria com “Pais e Filhos” acentuar as diferenças entre a geração do materialismo científico (aquela de Bazárov) e a do liberalismo de inspiração lamartiniana.[12]
Na verdade Bazárov é “absolvido” por Turgueniev, por suas ambigüidades, suas evidenciadas fragilidades e flagrantes paradoxos. O que há de dramático em sua história, é precisamente o que dá à personagem um caráter mais humano e real. O tipo de personalidade “niilista” que pareceu abrigar a Rússia do final do século e que Turgeniev (assim como Dostoiévski) parece ter representado com grande mérito é bem resumida pelo trecho da obra com o nome “Catecismo Revolucionário” de Serguei Nietcháiev: “O revolucionário é um homem que faz o sacrifício da sua vida. Não tem nem negócios ou interesses pessoais, nem sentimentos ou afeições, nem propriedade, nem mesmo um nome. Nele tudo está absorvido por um só interesse exclusivo, um só pensamento, uma só paixão: A Revolução.”[13] Este trecho parece ilustrar com alguma propriedade a personalidade de Bazárov, mesmo que não contemple todas suas ambigüidades. Talvez o modelo de comportamento buscado (mas não necessariamente realizado) pela personagem seja aquele contemplado mais com outro trecho:

Um revolucionário despreza toda a teoria; renuncia à ciência atual e abandona-a para as gerações vindouras. Não conhece senão uma só ciência: a da destruição (grifo meu). É para este fim, e só para este fim, que estuda a mecânica, a física a química e, se a ocasião se apresentar, a medicina. É no mesmo propósito que se dedica, dia e noite, ao estudo das ciências da vida: os homens, os seus caracteres, as suas relações entre eles, assim como as condições que regem em todos os domínios a ordem social atual. O objetivo é sempre o mesmo: destruir o mais rapidamente e o mais seguramente possível esta ignomínia que é a ordem universal.[14]


Isso, explica por que Bazarov, não tinha fé suficiente para acreditar na medicina e por que se deixa destruir sob o efeito do amor pela senhora Odintsov. Era mais louvável para seu tipo (modelo) espírito destruir-se, do que se permitir realmente viver, e amar. O que Bazárov por fim realiza é o tal sacrifício revolucionário, porém como nos mostra Turgueniev, este é completamente em vão e inútil. Seu sacrifício é vazio de sentido, e não traz nenhuma conseqüência para o povo da Rússia e seu Futuro. Isso, esse sacrifício inútil e tolo, porém, lhe dá algum tipo de verossimilhança, e complexibilidade[15].
Nesse sentido – do sacrifício - ele é um personagem um tanto romântico[16], pois em nome de princípios resvala um destino de herói romântico, nega de acordo com suas idéias niilistas qualquer possibilidade de vida e realização. Entretanto, para a personagem, a negação do amor é sua destruição. Ele não é romântico – no sentido vivenciar, mas as suas situações e escolhas parecem aquelas do revolucionário romântico. Seriam os populistas revolucionários românticos?
Porém, em certo sentido a personagem populista criada por Turgueniev parece inverossímil: um herói que se esforça em não possuir sentimentos, em exercer uma rígida e cruel crítica, irônica que não se preocupa com os sentimentos daqueles com quem se relaciona. Porém, como já vimos, se atentarmos para a impossibilidade que é próprio o Manifesto de Nietcháiev, percebemos como estas características eram as ansiadas por alguns russos da época, talvez aqueles mesmos que cometiam atentados terroristas. Bazárov, de Turgueniev, assim considerado é bem crível, pois o autor expõe suas contradições, suas ambigüidades, que manifestam, sobretudo no relacionamento com sua paixão e com seus pais. São suas ambigüidades que o destroem, mas que o colocam próximo do herói romântico e da descrição do “homem supérfluo”.
É interessante notar, que apesar de Turgueniev ser considerado em sua época pelo senso comum um “flateur” parisiense, esteta despreocupado da realidade russa – talvez por considerar que arte não deveria se submeter a princípios ideológicos - se percebe logo, com a leitura de “Pais e Filhos”, que seu romance além de ser em alguma medida ideológico, é também preocupado em representar a realidade russa. Postura típica da intelligentsia russa, foi muito defendida por críticos, notavelmente Belinski.
Há, porém, um aspecto do livro que o aproxima do interessantíssimo “Os Demônios”[17] de Dostoévski (romance profético, baseado no assassinato promovido por S. G. Nietcháiev e os membros da organização “Justiça Sumária do Povo”), uma crítica, - mesmo que bastante nuançada no caso de Turgueniev, aos homens que falam e criticam terrivelmente todas as coisas mas que não sabem nada propor, mas somente destruir. Dentre os adeptos desta destruição existiam os populistas que eram apenas propagandistas pacifistas como também outros que eram terroristas quase isolados, muito bem retratados em “Os Demônios”. Para os adeptos da violência, segundo I. Berlin, o assassinato a destruição e a mão de ferro, seriam formas – um tanto estranhas é verdade - de abrir “caminho para uma sociedade pacífica, tolerante, descentralizada e humana”. A critica avassaladora de Dostoiévski foi assim dirigida à este tipo de homem que defendia e belos ideais para transformá-los em horror, assassinato e tirania.
Em 1869, o grupo de Nietchéiev, “Justiça Sumária do Povo” executaram o estudante I. I. Ivanov, que tinha resolvido afastar-se do grupo. Dostoiévski, tomou conhecimento do fato pela imprensa e pela ampla polêmica que se instalou nos meios intelectuais russos e ocidentais[18]. O autor já havia refletido em “Crime e Castigo” (1863) sobre o niilismo, o ateísmo e suas implicações morais e práticas. Neste livro a reivindicação da liberdade absoluta feita pela personagem Raskolnikov, resulta em profundos problemas práticos e filosóficos. Porém será somente no livro de 1873 (Os Demônios) que fará uma crítica direta ao “niilismo” destruidor dos Populistas. Sua própria experiência no círculo socialista de Pietrachévski (que lhe valera uma condenação a morte), assim como o assassinato do czar Alexandre II em 1866 já tinham lhe levado a refletir sobre os rumos da esquerda russa. Neste novo livro o autor concentra-se nos aspectos da personalidade de Nietchaiev (protótipo para a personagem Piotr Stiepánovitch Vierkhoviéski), as bases ideológicas de sua organização, assim como o crime propriamente dito. No livro, como ressalta Volpi, as figuras d’“o anjo negro Stavragin – cujo modelo histórico real foi Bakunin -, niilista de inteligência luciferiana e depravada, que tudo corrói e destrói, sem conseguir transformar sua própria vontade diabólica”[19], além do ateu Kirillov, rígido defensor da lógica e amoralidade que se suicida para provar a não existência de Deus.
O objetivo panfletário do autor submeteu-se, no entanto, a sua visão da realidade como configuração histórica e dialética, e por isso a obra adquiriu feições de obra prima representando de forma irônica as várias vertentes de pensamento presentes na realidade russa.
A reação ao romance foi muito agressiva; populistas e ocidentalistas chamaram Dostoiévski de retrógrado[20]. Pensam que o caso de Nietchaiev era apenas um fato isolado, ao contrário do autor que considerava os movimentos internos e não somente a face dos fenômenos. Por isso afirmou:

Os principais propagadores da nossa originalidade nacional seriam os primeiros a se afastar horrorizados do caso Nietchaiev. Nossos Belinkis e Granovskis não acreditariam se lhes dissessem que eles são os pais diretos de Nietchaiev. Portanto, foram essa afinidade e essa sucessão do pensamento, que evoluíram dos pais para os filhos, que procurei expressar em minha obra.[21]

Além de termos neste romance uma critica profunda aos homens que em nome de idéias elevados, mas que na prática política acabam por negar estes mesmos valores, há nesta excelente representação do populismo russo feita Dostoievski uma aguda crítica ao conceito de homens e grupos políticos de vanguarda, arrogantemente auto-eleitos[22] como instrumentos únicos e capazes de libertar a humanidade. Essa apreciação pode ser entendida além dos populistas, mas também para os novos revolucionários que marcaram o destino da Rússia no século XX: os Bolcheviques. Pode-se mesmo concluir lendo o romance que alguns aspectos dos populistas adeptos dos métodos terroristas são resultantes de idéias anteriores a eles (a ver Herzen, Belinki etc) assim como também é possível inferir que alguns métodos dos bolcheviques (centralização, rigidez, frieza utilitarista, amoralidade) foram heranças legadas pelos populistas como Nietchaiev.


[1] A intelligentsia era um grupo social formado por homens relativamente instruídos que se caracterizavam, na Rússia czarista, por algum grau de oposição ao regime autocrático.
[2] FRANCO, Volpi. O Niilismo. São Paulo Edições Loyolas: 1999. p. 37.
[3] BERLIN, Isaiah. Les penseurs russes. Paris, Albin Michel, 1984.
[4] FRANK, Joseph. Pelo Prisma Russo: Ensaios sobre literatura e cultura. São Paulo: Edusp, s/d.
[5] Esse panfleto é o vestígio de como valores e objetivos nobres podem se transformar em ações cruéis e brutais, expressões da mais aguda tirania. Isso será profundamente denunciado, como veremos, por Fiódor Dostoiévski.
[6] Podemos considerar como lembra Joseph Frank que o populismo russo tinha duas vertentes, uma mais moderada e gradualista e aquela dos radicais frios e sem escrúpulos como era por exemplo Netchaiev.
[7] Ao falar sobre os populistas Herzen escrevia: “O niilismo é lógica sem restrições, a ciência sem dogmas, o respeito incondicional à experiência e a aceitação humilde de todos os seus efeitos, desde que brotados da observação e reclamados pela razão. O niilismo não transforma algo em nada, mas demonstra que o nada transformado por alguma coisa, é uma ilusão de ótica e que toda verdade, ainda que desfaça representações fantásticas, é mais saudável que elas e sempre obrigatória.” E ainda: “Tanto faz se esse termo é apropriado ou não. Estamos habituados a ele; amigos e inimigos aceitam-no; para a polícia é uma senha; transformou-se numa denúncia, ultraje para uns, elogio para outros.” Herzen apud:VOLPI, Franco. O Niilismo. São Paulo Edições Loyolas: 1999. p. 40
[8] Herzen escreveu ainda: “Evidentemente, se por niilismo entendermos o inverso da criação, ou seja, a redução dos fatos e das idéias a nada, num cepticismo estéril, num soberbo não fazer nada, numa desesperança que leva à inércia, nesse caso os verdadeiros niilistas jamais se encaixarão nessa definição e um dos maiores será I. Turgueniev, que atirou contra eles a primeira pedra, e talvez seu filósofo preferido Schopenhauer...” Herzen apud: VOLPI. Idem. p. 40
[9] Turgueniev, Ivan. Pais e Filhos. São Paulo, Editora Abril, 1971.
[10] O que nos perguntamos ao ler “Pais e Filhos” é quem seriam estes pais e filhos? Seriam apenas dois tipos de homens, ou uma variedade de tipos humanos presentes entre os intellientsi? Seriam os pais os dezembristas? Ou a geração reformista da intelligentisia. Quem eram então os filhos? Seria Bazárov um niilista iconoclasta ou apenas um populista?
[11] Père et Fils. Tourgueniev et le Dilemme Liberal IN : Les penseurs russes. Paris, Albin Michel, 1984. « Peut-être cela suffi-il à expliquer la genèse de celui qu´on allait désigner, dans le primier quart du siècle, comme « l´homme de trop », l´héros de la nouvelle littérature protestataire. Il fait partie d´une minuscule minorité d´hommes instruits et sensibles. Il est incapable de se trouver une place dans son pays natal. Replié sur lui-même, il ne peut s´évader que dans les fantasmes et les ilusions, dans le cynisme, ou le désespoir, ou encore, les plus souvent, il finit par se détruire de ses mains ou par capituler. Une honte cuisante ou une indignation furieuse, suscité par la misère et la dégradation d´un sistème où des êtres humains – les serfs – étaient considérés comme des « biens baptisés », et surcroît un sentiment d´inpuissance devant le régne de l´injustice, de la bêtise et de la corruption, entraînaient les imaginations et les sentiments refoulés [...] » p. 327
[12] MOUROIS, André. Turgueniev e a Filosofia Russa. Rio de Janeiro, Editora Alba, 1942.
[13] Nietcháiev S. G. Catecismo Revolucionário IN: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2003/04/253458.shtml
[14] Op. Cit.
[15] As sutilezas apresentadas por Turgueniv são completamente diferentes do esquematismo desprovido de complexibilidade e verossimilhança presente em “Que Fazer?” de Tchernichévski.
[16] Op. Cit: “É necessário que o revolucionário, duro para com ele próprio, o seja também para os outros. Todas as simpatias, todos os sentimentos que poderiam emocioná-lo e que nascem da família, da amizade, do amor ou do reconhecimento, devem ser sufocados nele pela única e fria paixão da obra revolucionária. Para ele não existe mais que um prazer, que uma consolação, que uma recompensa, que uma satisfação: o sucesso da Revolução. Não deve haver, dia e noite, mais que um pensamento e um objetivo: a destruição inexorável. E prosseguindo com sangue frio e sem descanso a realização deste plano, deve estar pronto a morrer, mas pronto a matar com as suas próprias mãos todos aqueles que se oponham à sua realização.”
[17] DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os Demônios. São Paulo, editora 34, 2004.
[18] BEZERRA, Paulo. “Um Romance Profecia” IN: DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os Demônios. São Paulo, editora 34, 2004.
[19] VOLPI, idem, p. 42.
[20] O autor escreverá o conto Bobók, como uma reposta irônica publicada anonimamente em 1873 no semanário Gradjanin, onde era redator chefe às críticas feitas à “Os Demônios”. Nesse conto é possível identificar um diálogo polifônico com as vozes dos críticos d´”Os Demônios”- por exemplo: quando o protagonista de “Bobók” é tachado de louco, uma chacota com fato que o próprio Dostoiévski ter sido tachado assim pelos críticos que ao lerem o referido romance ultrapassaram em muito os aspectos desta obra. O dialogismo de Dostoiévski, presente neste texto, deixa espaço para que outros textos, autores e obras possam se introduzir e interagir em seu texto. O texto assim nos remete obrigatoriamente para a leitura de “Os Demônios”, mas também para a leitura de seu tempo, contexto cultural e político, e das várias vozes críticas que lhe faziam oposição.
[21] DOSTOIÉVSKI apud: BEZERRA, Paulo. “Um Romance Profecia” IN: DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os Demônios. São Paulo, editora 34, 2004. p. 69
[22] Há ai um claro assento messiânico e religioso presente nestes grupos populistas como em muitos outros grupos políticos “vanguardistas” tanto da esquerda e direita presentes em todo o mundo moderno.

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