sábado, 8 de março de 2008

Ecos de uma escatologia





“A vida se me é.”



Nós a Legião dizemos: vós comungais com merda. O que levam a boca, todos os dias, são dejetos, substância devir de um eterno ser. Tudo, até vós, é substância. Não há transcendência ou qualquer imanência nas coisas. Tudo é um líquido branco eterno e atemporal. Tudo e putrefação. Tudo e vida e morte no eterno devir.
Somos castiças contingências, neste neutro dissolvente e eterno vir-a-ser. A vida é definida pelo que não é. Pela morte.
Vós com suas máscaras, manada de sapos e víboras comungam com o repulsivo e com a negação – com aquilo que não é, e vivem por que lhe és negado qualquer liberdade e a vontade de não ser. Não há nenhuma constrição divinal. Não há amor em si, apenas necessidade e fome.
Tudo é morte e deterioração, só assim na substância pura se é. O fenômeno é, único, mas transpassado e multíplice. Todos os Homens somos nós a Legião. O Anticristo. A multiplicidade da substância eterna e móvel-virtual contingente. O que somos é a lama, o plasma, o sangue. Transmutamos-nos apenas na morte ou pela merda, pelo sangue. Assassina-te como Cristo e serás eterno. Caminhe, todo o dia, no meio das fezes para a ausência, e serás substancialmente eterno. Na morte transmutar-nos-emos púrpuros no inacabável verbo. Todos vocês/nós/eu são/somos a carne de açougue, aquela que alimentada a contingência, a cultura e a coisa.
Que a civilização perece e perecerá não há qualquer novidade nisso. Multiplicam-se os Prometeus, multiplica-se os homens-inumanos e multiplica-se nossa destruição. Sabeis: A vida humana é apenas um instante de cota da matéria. Logo perecereis. Todos, sendo o que são ou não. Os possuidores serão os primeiros, e gloriosas trans-valoradas Sodomas e Gomorras renascerão, no meio da peste, das cinzas e dos cínicos. O riso dos cínicos ecoarão para sempre. E as máscaras cairão. Na luta, por poder, todos se deglutirão. Tirais, pois, todas estas máscaras, pois não sois mais do que lixo em decomposição. Vossa carne é a carne a ser devorada, pelo fogo, e pela Legião. No fim, com a morte, o que sobra é a prevalece, é a multiplicidade de vontade de vida. A Legião se autodeglutirá, e seremos todos fogo, e na destruição a Vida se oceanoar-se-á. A multidão bestializada se auto-deglutirá por sua própria lógica, e a morte. E Eu comerei seu coração em vida.
Guilhermo B. de Mont Serrat

Um comentário:

Anônimo disse...

É mais difícil para quem vê ou para quem toma parte sem ver?