sábado, 8 de março de 2008

Ressuscite-me




Ao som de Strange Fruit:Antony And The Johnsons (Live)



Por mais que procure não encontro. Pois que. Buenos Aires se habita em dentro de mim, e tuas/vossas pontas, luzes. Grita-me uma saída. Um alento, um suspiro. Por que ainda me dói um pouco, perdi-me para sempre na gosma das coisas-tolas. Em vossos braços, homens, cinco mil apóstolos. Ressoa-me na boca uma milonga escassa e branda. Terrível. Crava-me tonta. Um poço. Mata-me aos poucos, lenta.

Dói-me aquele olhar crepuscular pelos cantos. As vossas indiferenças sem pudor. A vossa piedade sem amor. Não me submeto nem personifico as vossas máscaras, nego. Cerco-me. Perco-me. Nesta incomunicabilidade. Nada mais transcende. Mãos suadas em meu corpo-em-minha carne. Cindo-me, encho-me de espinhos e morro. Renasço fera. Acuada cheia de dor. Cindido, esquizofrênico, precipito-me fera. Abismo. Gosma branca de G.H. Morro. Afago-me felino em nossas fantasmagorias todas. Dói-me tanto, lamina fria: vos cinco apóstolos. Que me seduzem, e que me fazem cheio de garras. São estas as labaredas frias a queimar-me por dentro, atravessam-me. Morro para ressurgir como máscara, que quer sangue, vossa gosma de barata partida; meio-viva, meio-morta. Precipito-me em um abismo de sangue. Oh, mãos suadas, beijos ternos. Salvem-se de mim.


Guilhermo B. de Mont Serrat

Um comentário:

Anônimo disse...

Dolorido.