sábado, 27 de dezembro de 2008

Ressuscite-me


Por Ecos del Plata

Ao som de Strange Fruit com Antony And The Johnsons (Live)



Por mais que procure não encontro. Pois que. Buenos Aires se habita em dentro de mim, e tuas/vossas pontas, luzes. Grita-me uma saída. Um alento, um suspiro. Por que ainda me dói um pouco, perdi-me para sempre na gosma das coisas-tolas. Em vossos braços, homens, cinco mil apóstolos. Ressoa-me na boca uma milonga escassa e branda. Terrível. Crava-me tonta. Um poço. Mata-me aos poucos, lenta.

Dói-me aquele olhar crepuscular pelos cantos. As vossas indiferenças sem pudor. A vossa piedade sem amor. Não me submeto nem personifico as vossas máscaras, nego. Cerco-me. Perco-me. Nesta incomunicabilidade. Nada mais transcende. Mãos suadas em meu corpo-em-minha carne. Cindo-me, encho-me de espinhos e morro. Renasço fera. Acuada cheia de dor. Cindido, esquizofrênico, precipito-me fera. Abismo. Gosma branca de G.H. Morro. Afago-me felino em nossas fantasmagorias todas. Dói-me tanto, lamina fria: vos cinco apóstolos. Que me seduzem, e que me fazem cheio de garras. São estas as labaredas frias a queimar-me por dentro, atravessam-me. Morro para ressurgir como máscara, que quer sangue, vossa gosma de barata partida; meio-viva, meio-morta. Precipito-me em um abismo de sangue. Oh, mãos suadas, beijos ternos. Salvem-se de mim.

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