sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Continente Negro

De Blaise Cendrars

in: Poémes Négres


(Poèsies Coplètes 1912-1924, Gallimard)


Tradução Livre: Augusto Patrini






África


Strabon a julgava tão pouco preciosa


Grisgris de uso geral


É pelas mulheres que se conta a descendência masculina


e que se faz todo o trabalho


Um pai um dia pensou em vender seu filho; este


se preveniu vendendo-se ele mesmo.


Este povo entregou-se com ardor ao tráfico


Tudo que cai-lhe sobre os olhos excita sua ganância


Eles deixaram tudo com o dedão dos pés, flexionando os joelhos


chafurdando-se todos, com suas tangas.


Eles estavam submetidos a chefes que tinham a autoridade e


que contavam entre os seus direitos com aquele


de ter a primeira noite de núpcias com todas as virgens que se


casavam


Eles não se intimidavam com o das viúvas


Acrescenta o velho autor.


A ilha maravilhosa de Saint-Boradin onde a sorte conduziu alguns viajantes


Dizem que ela aparece e desaparece de tempos em tempos.


Minhas florestas de Madeira ardem por sete anos.


Munbo-Jumbo ídolo dos Madingos


Costa do Ouro




O governador de Guina tem uma disputa com os pretos


Com falta de bolas, ele carrega seus canhões com o ouro


Toto Papo


É apenas o lucro que os faz sofrer o estrangeiro


O comércio dos Europeus nestas costas e sua libertinagem


criou uma nova raça de homens que é


Talvez a mais maldosa de todas


O sacata, o griffe, o marabu, o mulato, o quarto,


o mestiço, o mameluco, o um quarto, o sangue misturado


Feliz da Bossum consagrada ao ídolo doméstico.

1916

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