terça-feira, 3 de março de 2009

A opção pela morte


A opção pela morte

Vita si moriendi virtus abest, servitus est, Sêneca.
(Sem a virtude que sabe como morrer, a vida é servidão)

Já faz algum tempo que alguns conhecidos meus têm optado por se matar, pelo suicídio. Longe de condená-los por isso, fico pensando apenas porque uns fazem e outros não. Serão estes mais sensíveis, mais fracos? Ou os nossos tempos, mais brutos, cruéis? Não encontro nenhuma resposta razoável.Vivemos numa sociedade tão caduca que o suicídio ainda não é sequer mencionado. Não se fala dos suicídios. Não se sabe nenhuma estatística a respeito (pode ser ignorância minha, mas eu só conheço até o hoje o velho livro do Durkheim).Falamos dos “Bbbs”, da crise mundial (que a mídia torce por afetar o Brasil), do Ronaldo Gorducho, mas daqueles que optaram por morrer nem uma palavra é publicada.Como disse, não sei se hoje as pessoas se matam mais ou menos do que antigamente, mas tenho perdido amigos o suficiente para não ficar calado. O silêncio, nesse caso, não é digno ou respeitoso. Eles não eram fracos. Sensíveis, talvez. Mas tomaram decisões corajosas.Na Antiguidade, por exemplo, aqueles que, perdendo a batalha, continuavam vivos eram considerados seres indignos, pois sabiam que ao optar pela vida tornar-se-iam escravos. Nesses casos, o suicídio era sinônimo de que, mesmo derrotado, o homem ainda possuía algum valor, já que não se sujeitava a uma vida ignominiosa.O fato é que, apesar de não ser necessariamente uma escolha desonrosa, têm ocorrido suicídios em demasia (embora, assim dito, seja uma maneira tola de se expressar). Pois todo suicídio é sempre um excesso, uma falta de comedimento, assim também como a vida que temos levado.

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