quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Beijos pelos direitos humanos e para mudar o Brasil



Um ‘beijaço’ (Kiss in) acontecerá dia 07 de fevereiro na Avenida Paulista, esquina com Rua Augusta, às 17 horas na cidade de São Paulo.
Trata-se de um ato público, organizado por tuiteiros que usam o ciberativismo como ferramenta de mudança social. Dele, participam mulheres e homens; homo, hétero e bissexuais, travestis e transexuais. Pessoas preocupadas em defender medidas históricas contempladas no 3º Plano de Direitos Humanos, apresentado pela Secretária Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal. Dentre estes direitos estão: a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a criminalização da homofobia, a legalização do aborto e a adoção homoparental. Estas propostas foram duramente atacadas, sobretudo por setores da imprensa e por lideranças religiosas católicas (CNBB). Em defesa do PNDH3, os participantes do Beijaço querem, por meio de sua afetividade, vir a público expressar seu comprometimento e apoio a implementação destas políticas públicas, e ainda expressar seu repúdio ao ataque vazio e fanático do qual o plano está sendo vítima. Visto que a laicidade do Estado é garantida em constituição, não há motivo justo que barre a aprovação desse projeto, a não ser o ranço reacionário que atravanca sua aprovação. O 3º Plano Nacional de Direitos Humanos foi amplamente discutido na Conferência Nacional de Direitos Humanos em 2008. Ao ser divulgado, entretanto, em dezembro do ano passado, passou a ser criticado e distorcido por setores da sociedade brasileira que querem que sejam públicos os seus interesses privados. Entre estes setores está a direita partidária, a imprensa conservadora e setores reacionários religiosos. O PNDH3 toca em questões fundamentais para a sociedade brasileira, e busca corrigir distorções graves relativas aos direitos do cidadão brasileiro. As ações propostas pelo Plano colocariam o Brasil lado a lado com países que há tempos respeitam o indivíduo e sua dignidade. É por isso que, visando justiça, liberdade e igualdade ele recomenda: a descriminalização e a legalização do aborto, bem como sua realização na rede pública de saúde o apoio a uma legislação que garanta igualdade jurídica para os cidadãos LGBT, como a lei que reconhece a união civil entre pessoas do mesmo sexo, recomenda que se assegure um marco jurídico na questão dos conflitos agrários e, por fim, recomenda a instituição de uma comissão para investigar os crimes de tortura perpetrados pelo exército durante a ditadura militar. O plano também prevê o cumprimento da Constituição quanto ao caráter laico do Estado brasileiro e pede a retirada de ícones religiosos de instituições públicas, para preservar os valores da igualdade na diversidade, alteridade e a valorização da pluralidade. Setores da sociedade brasileira que habitualmente escondem seu conservadorismo em uma retórica politicamente correta foram finalmente evidenciados por seu caráter retrógrado, anti-libertário e preconceituoso. Por isso, convocamos a todos que, tão indignados como nós com a perseguição ao PNDH3, querem se manifestar de forma pacífica, bem humorada e afetuosa, a comparecer à esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta, espaço tão diverso da cidade de São Paulo, no dia 7 de fevereiro, domingo, às 17 horas, para promover um beijaço em favor da liberdade e do respeito a todas as formas de amor e a livre escolha. A ideia é mostrar, com muita alegria, que as pessoas são diferentes umas das outras, nascem, vivem, se beijam, amam, se relacionam com quem bem entendem, e independente de um ou outro grupo que torce o nariz, sua vida vai continuar acontecendo no anonimato de suas casas. Não adiante um padre, um jornalista ou um senador achar que vai impedir os gays de constituir família, as mulheres de dispor de suas vidas ou o mundo de girar. Isso acontece, e o PNDH, as militâncias e lutas sociais servem para reconhecer essa existência e garantir que o Estado não negligencie nenhum cidadão ou lhe tire o direito à dignidade.

Organização:

@souminha | @Guttto | @mariana_parra | @RadomileCarol | @djalepeixoto | @ticamoreno | @umberto_neto | @alineando | @cissablond | @aarles

Código HTML do selo do Beijaço em Defesa do PNDH III: http://mnpv.wordpress.com/codigo-html-do-selo-do-beijaco-em-defesa-do-pndh-iii/


Mais matérias sobre o evento:

Revista Fórum: http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/NoticiasIntegra.asp?id_artigo=7967

Mix Brasil: http://mixbrasil.uol.com.br/pride/ativismo/sao-paulo-tera-beijaco-gay-a-favor-do-plano-dos-direitos-humanos.html

Portal Dolado: http://www.dolado.com.br/noticias/beijaco-pelos-direitos-humanos.html


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Alain Hobé, Étoiles ennemies

Alain Hobé, Étoiles ennemies, L'Arachnoïde, 140 p.

Un homme, une femme, la nuit. Il la quitte sans plus ni moins de raison qu'il n'en faut pour disparaitre. Il part et pourtant ne part pas. Sur le point de se perdre alors qu'à peine la porte se referme, il est dans ses atermoients porté à la stupeur. Il ne lui reste dans la nuit que la recherche entêtée d'un dénouement.
Le récit délité d'un départ pour rien, celui d'un individu au prise avec un monde sans conquête à venir.

Dans " Étoiles ennemies ", premier livre très épuré, Alain Hobé projette le lecteur au coeur de l'abîme impersonnel et statique d'une séparation amoureuse.

Tout commence de façon syncopée et minimale avec un énoncé-couperet dont l'apparente clôture du sens déconcerte, voire interdit : " Nous ne sommes pas au monde. " Ce trognon de parole recense le défaut d'un être au monde, à l'Autre, qu'un impossible à dire condamne au silence vespéral. Puis le récit bascule sans coup férir du " nous " vers un " il " abscons car inassignable. Cet " il " n'est autre qu'un homme à l'identité non définie, mortifié par la honte, qui fuit l'espace par trop confiné et dilatoire de l'étreinte corporelle. Hors le monde et le temps, il sombre dans l'après-coup vertigineux de la séparation, en laissant brusquement celle qu'il aime " nue d'une nudité d'habit qu'aucun corps n'occupe plus. "
Étoiles ennemies d'Alain Hobé (faisant suite à la publication de courts textes dans les revues Lignes et Moriturus) est une première oeuvre résolument marginale et sibylline. Tant par la dimension ouvertement allusive de son contenu que par la sobriété de son écriture déliée, neutre et lancinante. C'est un récit qui offre un découpage narratif quasi cinématographique. Une interminable séquence construite autour de l'obsédante réitération de deux plans qui ne peuvent pas se confondre et se clore. Deux plans discords mettant en scène, d'un côté, le corps d'une femme tapie dans l'obscurité d'une chambre désertée ; de l'autre, le désoeuvrement d'un homme saisi dans le mouvement précipité d'un impossible départ. Ainsi, l'écheveau narratif pérennise la précipitation infernale et crispée d'un homme suspendu qui " ne part pas, ou part de tout son entêtement autant que sont toujours parties les pierres. De leur obstination de pierres, de pierres folles dans leur ruine immobile. "
Des bruits assourdissants, le claquement d'une porte, des froissements d'ailes ou le râle de la mer, accompagnent l'arrachement convulsif au corps de l'Autre de la jouissance. Comme si le vide de l'absence amplifiait ce chaos sonore pour conjurer l'intenable d'une parole sursitaire ou d'un cri réprimé. Un cri qui " ne passe pas l'espace de sa gorge malgré sa bouche ouverte. " Tronc " raidi dans un catimini d'errance ", l'homme fragile et nu, " dont le sexe offre à voir la pâleur de sa chair ", hésite encore à se retourner sur la voix plaintive et pétrifiante de l'aimée, à revenir au lieu même où les amants " ne veulent rien entendre et luttent dans la nuit jusqu'à la délivrance dans la fatigue et l'hébétude ". Proie arpentant l'exiguïté d'une cour enténébrée, il est un corps chu qui, progressivement, se disloque et s'invagine. Mort-né s'agrégeant à la " nuit qui désormais n'est plus la sienne lorsqu'il s'enfonce dans ce qui lui paraît être la nuit de leur séparation, la nuit de la mort qu'ils sont l'un pour l'autre. "
Au moyen d'un phrasé lapidaire et dépouillé qui n'est pas sans rappeler l'esthétique de Maurice Blanchot, Alain Hobé provoque une inquiétante étrangeté qui, loin de rebuter, ravit. D'une certaine manière, Étoiles ennemies figure et accomplit le geste de cet éternel recommencement séparateur qu'est l'écriture, tout en évoquant de façon oblique les malheurs inhérents aux velléités orphiques. " Elle " est une Eurydice sacrifiée que la morsure béante du sexe neutralise et que le verbe poétique absentera. Plus qu'Orphée, l'homme est d'abord ce " suborneur en fuite " qui, pareil à la silhouette du Cri d'Edward Munch, est dans l'en deçà du dicible. Puis il se transforme en " corps aveugle " et impersonnel qui se scinde en deux pour que, peut-être, puissent éclore ces mots qui " restent en lui, dans la lie des aveux refoulés ". Et pour que se profile, au-delà de la perte et du cri, la promesse d'un chant, le livre à venir.

Jérôme Goude - Le Matricule des anges

domingo, 3 de janeiro de 2010

O Mundo do Sexo


"Que forma abominável de suicídio! Não só eu me destruía e ao amor que me devorava, eu destruía tudo que encontrava pelo caminho, incluindo aquela que se agarrava desesperadamente a mim no sono. Eu tinha de aniquilar o mundo que fizera de mim sua vítima. Era como uma maníaco armado com um machado enferrujado (...)"

Henry Miller em O Mundo do sexo. Ed J Olympio, 2007.